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19 de junho de 2008

CANALIZAÇÃO DE RIOS - UM MAL NECESSÁRIO?



visando diminuir enchentes e "melhorar o aspecto" é muito adotada a canalização dos cursos d'água

Canalização, um debate em curso

(Projeto Manuelzão - MG)

Nos últimos dois séculos, muitos dos cursos d’água que cortam grandes centros urbanos tiveram seus leitos transformados em grandes canais revestidos por materiais resistentes, como pedra e concreto.

A canalização foi feita em nome da adequação dos cursos d’água ao crescimento dos municípios. Ao canalizá-los, era possível aumentar as vias de transporte e os loteamentos, além de se eliminar, supostamente, o problema das enchentes, do esgoto e do excesso de lixo.
Essa medida, entretanto, ignora as características naturais dos cursos d’água e, principalmente, o fato de eles serem fundamentais à regulação climática, à biodiversidade, à vida.
A canalização é, na verdade, uma máscara para os problemas urbanos.

Afinal, é o esgoto que deve ser canalizado e, não, os córregos e rios.

Sem obstáculos naturais, as águas cursos d’água correm mais rápido, em retos canais. Evitam-se inundações em um trecho, mas elas passam a ser mais destruidoras em trecho mais à frente, uma vez que a água chega com uma velocidade bem maior. Além disso, a aceleração das águas contribui para a eliminação das comunidades aquáticas. Morrem peixes, pássaros e vegetação dos cursos d’água e de suas margens.

O ciclo hidrológico é também prejudicado pela canalização. Com o leito de rios e córregos revestidos por materiais impermeáveis, a água não infiltra no solo e, conseqüentemente, não chega aos lençóis freáticos subterrâneos. A infiltração é importante para regularizar a quantidade de água dos rios e córregos e proporcionar seu escoamento subterrâneo até os mares e oceanos. Sem infiltrar, mais água é retida na superfície, provocando inundações nas áreas mais baixas.
Cobertos por grandes avenidas, muitos cursos d’água são lembrados somente ao transbordarem, quando o volume de água e lixo ultrapassa a capacidade de suas galerias. Limpar e manter esses canais são procedimentos difíceis e perigosos, principalmente nos fechados, pois o acesso é complicado.
Mas a mais grave conseqüência da canalização é o fato de ela comprometer a relação entre homem e natureza. As áreas verdes das margens são substituídas por concreto e asfalto; nadar, pescar e navegar passam a ser atividades quase impraticáveis.
Revitalizar é a solução
Experiências de países europeus, como a França (Rio Sena), mostram que a revitalização dos cursos d’água é a forma mais eficiente de permitir que ele integre o ambiente de maneira harmônica. O ciclo hidrológico é restabelecido, as plantas e animais voltam a habitar os cursos d’águas e suas proximidades, nadar e pescar passam a ser atividades possíveis, o esgoto deixa o córrego.
Revitalizados, os rios e córregos podem, inclusive, ser aproveitados como áreas de recreação e lazer. Fica provado que reconhecer que os cursos d’água são fonte de vida, e não depósitos de lixo e esgoto, e agir de acordo com esse pensamento é garantia de uma melhor qualidade de vida.
Mas a revitalização só é possível com investimento em saneamento básico. Para tanto, a instalação de interceptores, que são canos que impedem que o esgoto caia nas águas dos córregos e rios, faz-se necessária. Com os interceptores, o esgoto é conduzido a estações de tratamento e a água, limpa, volta ao curso d’água.

Outras medidas necessárias à revitalização dos córregos e rios são o combate a erosões, o plantio de vegetação nas margens dos cursos d’água, assim como a remoção das famílias dos locais suscetíveis a inundação. É também preciso resguardar a área de inundação natural do rio, evitando que, na época das cheias, a população corra o risco de ter suas casas invadidas pela água.
A educação ambiental e a consciência ecológica também devem ser trabalhadas. Não adianta revitalizar um rio se uma cultura de destruição e descaso com relação ao meio ambiente é mantida. O Projeto Manuelzão já tem conquistado algumas vitórias nesse sentido. Muitos Núcleos Manuelzão foram formados em função desse debate pela revitalização e já se percebe uma mudança de mentalidade da população. Em Belo Horizonte, por exemplo, há uma decisão consolidada contra a canalização de cursos d’água.

Por pressão da sociedade civil e do Projeto Manuelzão, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) abraçou a causa da revitalização e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já adota tecnologias canalizadoras de esgoto, como os interceptores na bacia do Córrego do Nado, na região da Pampulha. VEJA MAIS

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