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31 de janeiro de 2010

O INGÁ (BA) DETECTA ALTOS NÍVEIS DE RADIOATIVIDADE NA ÁGUA USADA PELA POPULAÇÃO DE CAETITÉ, QUE PODERÁ ATÉ SER REMOVIDA


Investigação

Em município da Bahia, análise mostra alto nível de radiação na água

Plantão | Publicada em 26/01/2010 às 13h46m

Marcelle Ribeiro - O Globo

Vista parcial da unidade do INB em Caetité. Foto: INB

SÃO PAULO - Níveis de radioatividade superiores ao permitido pelo Ministério da Saúde foram encontrados na água de três locais da cidade de Caetité, na Bahia, pelo Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), autarquia da secretaria estadual do Meio Ambiente. Em um dos locais, a água era fornecida pela prefeitura da cidade a 15 famílias. Nos outros dois pontos onde foi detectada a radiação, a água teria fins industriais.

Nesta semana, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) farão uma auditoria para verificar a qualidade da água da região. A verificação, que acontece até o dia 3 de fevereiro, acontecerá também nas instalações das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) na cidade.

O pedido de auditoria foi feito pela própria estatal, que é suspeita de contaminar com radioatividade parte da água consumida pela população da cidade, a partir da extração de urânio que faz na região, segundo o Ingá. O urânio é um minério encontrado em rochas e pode liberar radioatividade na água em contato com as pedras. Segundo o Ingá, a atividade de manipulação do urânio, como a feita pela INB, potencializa em centenas de vezes a liberação de radiotividade no ambiente.

O Ingá detectou níveis altos de radioatividade em três pontos da região, em medição feita em dezembro de 2009. Em uma dessas medições, feita na água de um poço subterrâneo no povoado de Barreiros, que faz parte da cidade de Caetité e fica a 6 km de distância da unidade da INB, foi detectado um nível de radioatividade proveniente do urânio três vezes superior ao permitido pela lei para exposição humana.

" Não é porque existe uma questão de urânio natural que vamos submeter a população a um índice de radiotividade desse nível "

Segundo o diretor geral do Ingá, Júlio Rocha, a água desse poço é usada pela prefeitura de Caetité para abastecer 15 famílias que moram no povoado. Por isso, o instituto e a secretaria de Saúde notificaram o município para que não forneça mais água desse poço à população e que providencie uma fonte de abastecimento alternativa.

Já os outros dois pontos em que foram detectados altos níveis de radioatividade ficam dentro da unidade da INB em Caetité. Em um deles, a medição do Ingá indica que o nível de radioatividade por urânio é 40 vezes maior que o permitido pelo Ministério da Saúde, segundo Júlio Rocha. Ele afirma que não é possível ainda saber se a radioatividade alta foi provocada pela extração de urânio que a INB faz na região, mas diz que é sua obrigação alertar o governo e a população sobre o problema da água.

- Existe a possibilidade de a radiotividade ser provocada por múltiplas causas, pode ser por causa da INB, mas pode ser também um fenômeno natural. Mas o poço da INB é o que tem índice mais alto de radiotividade entre todas as nossas medições feitas em todas as coletas de urânio na Bahia. Será que esse poço é usado por trabalhadores? Será que os trabalhadores da INB têm exposição a esse poço? - questiona Rocha.

Em resposta, a INB divulgou uma nota afirmando que "dois dos três poços notificados pelo Ingá estão dentro da unidade da INB e são utilizados somente para fins industriais". Afirmou, ainda, que o poço de Barreiro "fica a seis quilômetros da mina de urânio, não sendo possível pelo caminho natural das águas ter tido contato com material proveniente da sua unidade de produção". O diretor do Ingá afirma que não recebeu nenhum estudo do INB comprovando estas informações.

Segundo a secretaria estadual de Saúde da Bahia, Caetité é uma das regiões com maior índice de câncer do estado. Na área, segundo o INB, existe uma reserva de 100 mil toneladas de urânio. A unidade da estatal na cidade produz anualmente cerca de 400 toneladas/ano de concentrado de urânio, o suficiente para abastecer as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2.

A INB afirma, ainda, que pode ocorrer aumento das concentrações de urânio nas águas subterrâneas do município de Caetité, uma vez que existe uma grande reserva natural de urânio na região.

" Existe a possibilidade de a radiotividade ser provocada por múltiplas causas, pode ser por causa da INB, mas pode ser também um fenômeno natural "

- Não é a primeira vez que esse tipo de denúncia é feito em Caetité. Em outras situações apresentaram inclusive dados falsos que não foram confirmados em análises posteriores - disse à Agência Brasil o presidente do Cnen, Odair Dias Gonçalves, referindo-se a denúncias feitas em 2008.

No caso do poço de Barreiro, Gonçalves garante que "não há como a contaminação ter sido causada pela INB". Ele explica que o curso da água passa primeiro na localidade e, só depois, na empresa, a caminho do mar.

- Caetité é uma região uranífera. Com isso, naturalmente, pode vir a apresentar, em alguns pontos, traços de água com índices de radioatividade mais altos. Isso é perfeitamente normal - acrescentou.

Segundo ele, a população "não precisa se preocupar" porque a Cnem tem um programa usual de inspeção de postos.

- De qualquer forma vamos medir novamente o índice de radioatividade desses pontos, mas sem partir do pressuposto de que os números [apresentados pelo Ingá] sejam verdadeiros - disse Gonçalves.

De acordo com o diretor de Regulação do Ingá, Luiz Henrique Pinheiro, um dos poços dentro do INB onde foi detectado alto nível de radioatividade está em processo de análise de renovação de autorização para uso da água, e, por conta deste resultado e do princípio da precaução, a outorga não será renovada.

O Ingá faz coletas de água na região de Caetité desde 2008 e foi alertado sobre a possibilidade de índices de radioatividade altos pelo Greenpeace, em 2009. O instituto pretende fazer novas coletas na água do município no fim de janeiro. O diretor geral do Ingá, Júlio Rocha, afirma que a possibilidade de remover a população da região de Caetité deve ser analisada.

- Não é porque existe uma questão de urânio natural que vamos submeter a população a um índice de radiotividade desse nível. Não é justo que a comunidade dali morra de câncer. O Governo do Bahia vai ter que se manifestar sobre a questão, porque é um caso de saúde pública. Se houver nexo de causalidade confirmado, que não há ainda, o governo tem que tomar uma providência. Uma delas pode ser a retirada da população de lá - afirma.

Segundo ele, o IBAMA será comunicado destes resultados para que tome providências em relação ao licenciamento ambiental da INB, que poderá ser suspenso.

O Ingá informou ainda que a água fornecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), que abastece as populações da zona urbana de Caetité com água potável e tratada, não oferece qualquer risco à saúde humana. Fonte: O GLOBO

SAIBA MAIS

Água contaminada por urânio encontrada perto de mina na Bahia- Clique


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