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28 de julho de 2010

ESTUDO DA UNICAMP/EMBRAPA SOBRE AQUECIMENTO MOSTRA ALTERAÇÕES NA AGRICULTURA E DIMINUIÇÃO DA VAZÃO DOS RIOS


Terra Quente

Cientistas finalizaram pesquisa que mostra o impacto do aumento da temperatura sobre a agricultura brasileira e alertam para a necessidade de investir no melhoramento genético de variedades que possam suportar as novas condições climáticas.

Por Janice Kiss
Fonte: Revista Globo Rural - Nº 297 – Julho de 2010

Agora não dá mais para alegar desconhecimento. Um grupo de cientistas de 11 instituições de pesquisa finalizou o estudo Impactos da mudança do clima na produção agrícola do país, que teve a coordenação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e de unidades da Embrapa. O trabalho iniciado há quatro anos utilizou o aumento das temperaturas (média de 1,5 a 3 graus célcius) projetado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC). A pesquisa revela que, se nada for feito, nos próximos 40 anos o país abrirá mão de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do período, ou 3,6 trilhões de reais. Na agricultura propriamente dita, as perdas poderão ser de 7,5 bilhões de reais em dez anos e de 10,7 bilhões de reais em 2050. O trabalho, que diagnostica a vulnerabilidade da economia, também incluiu outros temas, como recursos hídricos, energia, uso da terra, biodiversidade e zona costeira. “O valor desse estudo está na sua contribuição para que o país adote políticas públicas que revertam esse futuro”, explica Hilton Silveira Pinto, diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp. Para o pesquisador, o país não destina a importância devida ao tema, mesmo sendo grande desenvolvedor de tecnologia agrícola e com o agronegócio representando quase um terço do PIB nacional.

Com exceção da cana-de-açúcar, que prefere regiões quentes, as principais culturas desenvolvidas no país enfrentarão diminuição acentuada nas áreas de baixo risco para o plantio. Na soja, essas zonas poderão ser reduzidas em até 34%; para o café, 18%; e para o milho, 15%.

Mitigação é o caminho que cientistas propõem para avaliar as conseqüências das mudanças climáticas. Uma experiência está sendo conduzida com plantios de café junto a seringueiras e árvores frutíferas no sul de Minas Gerais. Na opinião dos cientistas, porém, o investimento mais pesado deveria ser feito no melhoramento genético das plantas, para que passem a apresentar maior resistência à seca e tolerância ao calor. Alguns trabalhos já publicados calculam que o país deveria aplicar 1 bilhão de reais nessa tecnologia para manter o estoque de variedades existentes até 2020. Uma análise mais ampla, que inclui redução de emissões de gases de efeito estufa, investimentos em fontes renováveis e eficiência energética, aponta para uma conta que chega a 72 bilhões de dólares para manter o estoque da agricultura como um todo. “A cifra assusta, mas o país precisa considerar com seriedade esses investimentos, porque é agrícola por vocação”, diz Pinto.

Além do cenário para a agricultura, as instituições parceiras da pesquisa mostram outros dados preocupantes. A vazão dos rios diminuirá bruscamente, em especial no Nordeste – o São Francisco, por Exemplo, perderia em torno de 40% de suas águas. O declínio da precipitação afetaria os rios e, com isso, a geração de energia da região, que poderá cair quase 8% ainda neste século. A associação entre o desmatamento, em níveis históricos, e as mudanças climáticas levaria à extinção de entre 30% e 38% das espécies da Amazônia, área de maior biodiversidade do planeta.

As zonas costeiras, por sua vez, seriam afetadas com a elevação do nível do mar e eventos meteorológicos externos. A diferença de renda entre essas regiões, entretanto, será refletida em sua capacidade de restabelecimento, prevê o estudo. Em melhor condição estaria o Sudeste, que apresenta a maior taxa de PIB por quilÇômetro de linha de costa.

Para o diretor do Cepagri, o estudo não tem a intenção de provocar pânico no campo ou na cidade. Mas tem a função, segundo ele, de comprovar – até para aqueles que não acreditam nas mudanças climáticas – que esta é a hora de se prevenir. O trabalho pode ser acessado, na íntegra, em http://www.agritempo.gov.br/mudancasclimaticas.php
Enviado pelo colaborador João Suassuna — 27/07/2010

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