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23 de abril de 2012

RECUPERANDO AS NASCENTES E MATAS CILIARES - SÃO JOSÉ DO XINGU



Cassiano Marmet durante o evento de encerramento do projeto em São José do Xingu


São José do Xingu consolida trabalho na recuperação das nascentes e matas ciliares 
20/04/2012



Parceria entre ISA, produtores rurais e prefeitura fortalece adequação ambiental do município mato-grossense. Em cinco anos de projeto, mais de 800 hectares entraram em processo de restauração florestal e agora o município conta com 62,87% de suas áreas cadastradas na Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso.

Depois de cinco anos, chegou ao fim o projeto “Recuperando as nascentes e matas ciliares: um exemplo de concertação intersetorial”, apoiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). Para apresentar os avanços na adequação ambiental do município e os resultados do projeto no período, o Instituto Socioambiental (ISA) realizou um workshop na Câmara de Vereadores de São José do Xingu (MT), no último dia 11, para estudantes, vereadores, gestores públicos, moradores da cidade e produtores rurais.




O trabalho começou efetivamente em 2007, quando o município topou o desafio de integrar a Campanha Y Ikatu Xingu por meio do projeto aprovado pelo FNMA. A ideia era constituir áreas-piloto de recuperação da vegetação das nascentes e das margens do rio Paturi, um dos formadores do Xingu, em assentamentos, grandes e médias propriedades rurais locais. Hoje, cinco anos depois do início das atividades, 13 propriedades aderiram à proposta e 140 hectares entraram em processo de recuperação florestal. Com este trabalho na região, que teve um efeito multiplicador exemplar, diversos produtores que não participavam do projeto iniciaram plantios por conta própria, o que elevou o número de áreas em recuperação para mais de 800 hectares, que já foram mapeados pelo ISA e 62,87% das áreas do município estão cadastradas na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema/MT). São José do Xingu é, hoje, o terceiro município em áreas cadastradas na região do Araguaia Xingu.

O projeto é desenvolvido pelo ISA em parceria com a Câmara de Vereadores, Sindicato Rural, Prefeitura, Associação de Pequenos Produtores Rurais de São José do Xingu, Agência Nacional de Águas (ANA) e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

“Ao recuperar sua APP, o produtor garante o abastecimento de água em sua propriedade por um período maior, pois as árvores impedem a erosão e o assoreamento dos rios. Além disso, a água é um dos insumos mais importantes para a produção agropecuária, por isso os produtores entenderam a importância desse trabalho e dessas áreas que devem ser preservadas. Foi um longo trabalho, mas os frutos estão aí”, diz Cassiano Marmet, técnico do ISA responsável pela implantação do projeto no município.

Além da recuperação de áreas, durante o projeto, o ISA participou e promoveu eventos e oficinas, ressaltando a importância econômica e ecológica das nascentes e matas ciliares. Além disso, desde 2007 São José do Xingu pôde contar com a instalação de um viveiro no qual mais de 150 mil mudas já foram produzidas. Atualmente, o viveiro produz 30 mil mudas por ano e não consegue mais suprir a demanda da região.

São José do Xingu tem aproximadamente 1,7 mil nascentes e mais de 107 mil hectares de matas ciliares, ocupando posição de destaque na parte mato-grossense da Bacia do Xingu em termos de extensão em Áreas de Preservação Permanente (APP). Portanto, com grande importância para conservação. “A gente tinha bastante área a ser recuperada e o ISA veio aqui nos dar essa força. Hoje o município é exemplo em conservação e sabemos da importância das matas e da água”, afirmou Emanuel Martins da Silveira, representante da Secretaria de Agricultura, durante o evento promovido pelo ISA para encerramento do projeto.

Recuperação ativa
“Foi por meio do meu treinamento no curso de Agentes Socioambientais, realizado pelo ISA, que eu pude começar o trabalho na fazenda Bang Bang para recuperação das APPs. Foi o projeto que tornou essa recuperação possível e hoje a gente está praticamente em dia com o nosso compromisso de restauração”, contou Marta Jeane Dantas, gerente administrativa da fazenda Bang Bang, em São José do Xingu, no evento.

Técnicos percorrem uma das áreas de restauração da fazenda Bang Bang


Antes do início do projeto, a fazenda já vinha num processo de adequação ambiental, mas sem muito êxito. Tinha um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Sema/MT), em 2004, para adequação da propriedade, mas não havia conseguido implantar as áreas. A meta era recuperar 342 hectares de APP em 10 anos.

“Nossos maiores problemas foram a falta de conhecimento, a falta de informação e de tecnologia, além do número de informações erradas que recebemos até chegar à parceria com o ISA”, conta Marta Jeane Dantas que informou que até o ano passado a fazenda conseguiu recuperar 320 hectares e é modelo para os demais produtores da cidade.

Segundo dados da Campanha Y Ikatu Xingu, o município foi o que mais recuperou áreas degradadas na Amazônia até 2010, exemplo do empenho dos produtores nessa empreitada, após a assinatura do Pacto pelo Desenvolvimento Socioambiental de São José do Xingu no ano anterior. (Leia o documento na íntegra).
“O projeto superou as metas iniciais e o sucesso dos resultados obtidos se deve principalmente à conscientização dos produtores, que aderiram à ideia e estão cercando e plantando suas APPs por conta própria. Os números de São José do Xingu são muito expressivos e é importante que as ações continuem no sentido de valorizar esses produtos que vêm de propriedades ambientalmente adequadas. Ainda que esse projeto tenha se encerrado, a parceria do ISA e as ações no âmbito da Campanha Y Ikatu Xingu continuam no município”, conclui a bióloga Natalia Guerin, responsável pelo trabalho de restauração florestal no ISA.

ISA, Christiane Peres.



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