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14 de outubro de 2013

CAPTAÇÃO DE ÁGUAS NAS NÉVOAS PODE AJUDAR REGIÕES SEMIÁRIDAS DA AMÉRICA LATINA


Sistema consegue capturar água presente nas névoas





Em alguns lugares, chuva é coisa rara. No nordeste brasileiro, por exemplo, períodos longos de seca são recorrentes e trazem consequências negativas, de dimensões econômicas, sociais e políticas para a população local. A região do semiárido brasileiro apresenta uma vegetação característica, denominada caatinga. Elementos importantes da paisagem da caatinga são os cactos e as bromélias terrestres.
Essas plantas possuem uma capacidade fisiológica para armazenar água. Como os habitats naturais dessas plantas são lugares onde quase nunca chove, as plantas que desenvolveram formas de armazenar água eficientemente e que não dependessem apenas das chuvas se adaptaram melhor. Dessa forma, plantas como os cactos podem usar seu próprio corpo para absorver a umidade através da epiderme e dos espinhos. Muitas vezes, ou em alguns casos, a umidade está presente sob a forma da névoa apenas.
Essa é uma matéria de tecnologia e, aparentemente, a caatinga não tem nada a ver com isso. Será? Você já deve ter ouvido falar em biomimética (veja mais) e sabe que essa é uma ciência que se inspira na natureza. Foi exatamente isso que pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos EUA, em conjunto com pesquisadores chilenos fizeram para criar um sistema de captação de névoa, para obter água potável.
Esse sistema consiste basicamente em uma malha, muito parecida com uma rede de tênis, que retém as minúsculas gotículas de água (presentes nas névoas) carregadas pelo ar. A chave para a eficiência desse processo está em três aspectos: na largura dos filamentos das redes; no tamanho dos buracos que estão entre estes filamentos; e no revestimento neles aplicados.
Veja no vídeo como o sistema funciona:
Essa não é uma tecnologia nova. Em pelo menos 17 países já existem sistema parecidos. Porém, a maioria dos sistemas existentes acaba deixando a desejar, uma vez que são fabricados com poliolefinas (um tipo de plástico barato e comum) e tendem a ter buracos e filamentos muito largos. Sendo assim, conseguem extrair apenas 2% da água presente na névoa. Em contrapartida, o sistema desenvolvido pelo MIT, com filamentos e buracos mais estreitos, pode extrair 10% de água da névoa. Se várias redes forem enfileiradas, pode-se extrair ainda mais.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que uma melhor performance foi possível devido ao uso, na fabricação da rede, de filamentos de aço inoxidável com cerca de três ou quatro vezes a espessura de um cabelo humano e com um espaçamento de cerca de duas vezes maior entre as fibras. Ainda, a rede foi submersa em uma solução que diminui a chamada histerese do ângulo de contato. Isso permite que mais gotículas possam deslizar para a sarjeta coletora de água.
O novo sistema foi testado na Costa Chilena e, em algumas épocas do ano, foi possível recolher 12 litros de água por dia. Agora os pesquisadores testam telas feitas de diferentes materiais sobre colinas em uma região semiárida ao norte de Santiago, uma área que está regularmente envolvida por uma forte névoa litoral, provocada pelo vento “Camanchaca”, proveniente do Oceano Pacífico.
Segundo McKinley, um dos pesquisadores do MIT, “Esse sistema, além de eficiente, custa praticamente zero, pois a natureza já faz todo o trabalho. Nós apenas coletamos”. Outros pesquisadores chilenos estimam que se apenas 4% (os pesquisadores do MIT estimam 10%, conforme já foi citado) de água vinda da névoa for capturada, será possível suprir a necessidade de água das quatro regiões mais setentrionais do país, incluindo todo o deserto do Atacama.
Origem na Biomimética
Sistemas de captação de água da névoa surgiram inspirados em plantas e animais, como o besouro do deserto da Namíbia, que coleta o sereno em suas costas, em uma estrutura extremamente eficiente, formada por microcanais feito por materiais hidrofóbicos e hidrofílicos. As microgotículas fluem pelo seu corpo, unindo-se até formar gotas grandes, que chegam até a boca do animal, que pode então beber em um lugar onde simplesmente não há cursos d'água e nem chuva (veja o vídeo abaixo). Sem contar, é claro, a inspiração no funcionamento de plantas, como os cactos.

Na África do Sul, esse sistema já é usado para prover água potável às pessoas (acompanhe aqui) e os resultados foram muito animadores, apesar de serem inferiores às novas redes projetadas pelo MIT - o sistema sul-africano consegue armazenar 2,5 litros de água em um dia bom. O acesso à água de qualidade reduziu o número de doenças relacionadas com a água - ingestão de micro-organismos patogênico - e aumentou a qualidade de vida dos estudantes. Parte da água coletada pelo sistema vai para a horta que abastece a escola.
Além disso, outros tipos de aparelhos podem contribuir para levar água potável a pessoas que moram em lugares isolados e afligidas por longos períodos de estiagem, como o purificador de água sueco
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
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